sábado, 17 de julho de 2010

Ele e Ela.

Ele dizia sempre tudo,
ela fingia não escutar;
Ele tentou ver o mundo,
ela ficava no mesmo lugar.

Ele corria perigos,
ela não podia enfrentar.
Ele buscava suas chances,
ela parada no mesmo lugar.

Ele foi enganado pela sorte,
ela acreditou no azar.
Ele dormia seis horas,
ela não sabia quando acordar.

Ele conhecia lugares,
ela só podia olhar;
Ele podia escolher,
ela não sabia mudar.

Ele voava alto,
ela em pé nada fazia;
Ele era um passáro feliz,
Ela um poste sem alegria.

FIM

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Jeremias Bateu as Botas.

Lá estava o elegante Jeremias,
sempre alegre e a assoviar;
Mas mal sabia o pobre,
que o seu dia estava a chegar.

Jeremias era padeiro,
mas nunca havia feito um pão;
Queria ter sido marujo,
resolveu trocar de profissão.

Com essa ideia na cabeça,
correu para contar a sua família;
Vou conhecer o oceano,
e largar a padaria.

O espanto tomou conta de todos,
sua mãe não parava de chorar;
Jeremias como serás um marujo,
se você não sabes nadar?

Jeremias balançava os ombros,
fingindo nada entender.
Só que por dentro ele entendia,
que querer era poder.

Na fila do alistamento,
Jeremias era o mais varonil.
Sorria para todos que podia,
até para o cãozinho do canil.

Quando chegou a sua vez,
para o soldado ele foi falando;
Meu nome é Jeremias, senhor,
quero logo estar me alistando.

O Senhor fechou a cara,
e Jeremias se assustou;
Aqui nada é fácil meu amigo,
o soldado explicou.

Mesmo assim com muita garra,
Jeremias resolveu tentar;
Sonho é sempre sonho,
não posso viver se não arriscar.

E quando menos se esperava,
Jeremias já estava treinando;
Dava tiros, corria, nadava,
mas na cozinha ele foi parando.

E espantado Jeremias ficou,
quando percebeu o que fazia;
Ele era agora um marujo,
mas trabalhava em uma padaria.

Meu Deus mas que mundo ingrato,
Jeremias não parava de pensar.
De que vale correr tanto?
se não saio do mesmo lugar?


Os anos foram se passando,
e Jeremias não perdia a esperança;
Eu ainda vou para a guerra,
acredito e tenho confiança.

E Jeremias estava certo,
e o seu grande dia logo chegou;
Vamos todos lutar em uma guerra,
  o capitão do barco alertou.

Jeremias pegou sua farda,
calçou as botas e armou o seu fuzil;
Deixou a padaria pela última vez,
  e para guerra ele seguiu.

E no meio de tantos tiros e fumaça,
Jeremias não conseguiu se defender;
Foi atingido por uma granada,
já não tinha mais o que fazer.

Caído no chão,
sem como se salvar;
Jeremias fechou os olhos,
  e começou a recordar.

Recordou de sua mãe,
de seu pai, seus irmãos e todos que podia;
E em seu último suspiro ele sorriu,
lembrou como foi feliz em sua padaria.



FIM